23 agosto 2013

République Du Salém: Um Novo Olhar No Cenário Do Rock Nacional.

Hoje estamos abrindo uma nova sessão no blog que terá como finalidade divulgar bandas underground. Modéstia à parte, essa sessão abre em alto nível!
Há alguns dias fui apresentada a banda République Du Salém. Ouvi uma música e pensei "Cara, bacana!". Ouvi a próxima e curti ainda mais. Desde então venho ouvindo e literalmente lendo as letras. Estudei uma realese cedida pela própria banda a nosso blog e quero aqui, deixar o nosso parecer a respeito da mesma.

Confesso que rock nacional é algo difícil de agradar a meu "paladar auditivo" -Sendo extremamente franca-  Dessa forma, considero-o como o mais complicado de se fazer. Principalmente quando a banda se propõe a fazer em português -Algo que poucas fazem-, e quando fazem, poucos conseguem deixar de forma "bacanuda" sem fugir da proposta.



Ao ouvir o République du Salém fiquei realmente fascinada com a simplicidade e qualidade do som que eles trazem. Quando digo "simplicidade" não estou dizendo que seja pobre, porque isso visivelmente não é, pelo contrário. A banda, tendo como elementos de inspirações Led Zeppelin, Black Crowes, Allman Brother, Titãs e Mutantes, apresenta-nos um rock diferenciado com letras que te prendem, levam a reflexão e desafogam.
Muitos pontos despertaram a minha atenção a respeito da banda. A começar pelo nome. Em contato com a mesma, recebi a seguinte definição que por sinal, é incrível:


Inspirado na obra “A República”, o nome da banda está ligado à ideia de justiça abordada por Platão, exemplificada em uma cidade perfeita, ou seja, sem falhas. Este conceito só é possível se observado em um ambiente onde não haja erros (o chamado “mundo das ideias”). Completando a mesma ideia, a palavra Salém (hebraica-Árabe) tem alguns significados, dentre eles: paz, plenitude, completo. Republique du Salem, um mundo onde é possível ter paz em meio ao caos.

Além do nome, é muito interessante o visual adotado pela mesma o que, aliás, nos passa exatamente a ideia a que seu som se propõe. Um rock sem frescura e visto sob uma nova ótica.
Como uma amante do som do baixo, gostei muito de ver o dialogo do mesmo com a guitarra e de ambos com demais instrumentos e vocal. Tudo em uma simetria perfeita e singular.
Posso dizer com segurança que o primeiro álbum da banda, O Fim Da Linha Não é o Bastante, composto por seis músicas é um álbum completo e cumpre o que a banda se propõe: Trabalhar composições com temáticas urbanas e poética a fim de induzir a conscientização e atitude.
E eles cumprem isso muito bem. Desde a harmonia e sintonia da banda presente em cada canção, onde percebe-se a importância e respeito mutuo e onde cada um tem seu espaço e o ocupa perfeitamente bem, à boa elaboração das letras de suas composições.

O álbum que tem como primeira faixa Cidadão Kane, (acredito que o titulo TALVEZ faça alusão ao super clássico do cinema do ano de 1941: "Citizen Kane". Uma especie de biografia disfarçada da ascensão e queda de uma importante personalidade. O Filme gerou muita discussão na época e ainda se faz intrigante. Mas enfim, apenas suposição, corrijam-me caso esteja enganada ou precipitada) abre as cortinas com uma critica social sobre o nosso famoso "pão e circo", ao comodismo que vivemos em troca de migalhas e incentiva a dar um basta nisso, a não mais acreditar em falsas promessas.

Dando um salto, temos na terceira faixa uma linda música romaticuzinha: Apenas Uma Canção De Amor. Tem um embalo muito bacana, letra singela e que se mostra verdadeira e conta com a participação de Rachael Billman. Essa música contém um sentimento mais profundo e não trata-se de uma mera canção de amor. Mas uma canção para O verdadeiro amor:


"(...)Atrevo-me a rendição a este amor
Que é tão sincero e verdadeiro
E ele escolhe perdão
Mesmo quando eu tropeçar novamente

Eu continuo lutando para ser justificada
E para tornar tudo claro como cristal
Mas quando tudo está caindo aos pedaços
Eu ainda posso sentir você aqui."


Mais um salto e temos  Expresso 212, faixa que encerra o álbum e encerra com chave de ouro. Essa faixa manteve a qualidade presente em todas as outras, com um super arranjo e uma letra simplesmente incrível.

Não é minha proposta falar de todas as musicas. Até porque não conseguiria passar com fidelidade todo o peso que elas carregam.  Mas nota-se através delas, que o République traça um linha onde consegue ir da critica  ao cotidiano sem deixar "cair a peteca" e trazendo consigo, além de melodias vistas de outro angulo, letras muito bem trabalhadas abrindo mão do "Obvio" e assim cedendo espaço a poesia.
E não pensem que exagero ao falar do álbum! Ele é tão foda que foi pré-indicado ao Grammy Latino 2013 nas categorias "Best Brazilian Rock Album" e "Best New Artist".

Composta por Davi Stracci (Vocais), Guido Lopes (Guitarras, violão, piano, pedal-steel), Marcio Albano (Baixo), Raul Lino (Bateria, backing vocal), trata-se de um projeto recente, mas nem por isso inexperiente já que seus componentes possuem individualmente anos de experiencia atuando em diversas áreas no cenário musical.
O République mostrou para o que veio e deixou evidente seu objetivo. Pela maturidade da banda, pela proposta e pela coragem, espero que logo saiam da cena underground e alcem voo. Estou certa que isso não deve tardar a acontecer.

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